sábado, 6 de novembro de 2010

O condutor

Nunca soneguei as náuseas que me causam as juventudes partidárias, coisa que se assemelha a uma fábrica de autómatos, cumprindo a distopia de Aldous Huxley. Mas há momentos em que a náusea quase ganha uma dimensão tangível. Anda por aí um pequeno burguês a adejar o estatuto de “Geração Madeira”. O pequeno burguês é candidato à liderança do apêndice “jovem” do PSD. O pequeno burguês não tem consciência de que, ao reivindicar o estatuto de “Geração Madeira”, está a vilipendiar todos os madeirenses que não se revêem num puto que não representa nada, nem ninguém. Mais: nunca leu Pessoa. Se o tivesse lido, saberia moderar a megalomania. Porque “conquistamos todo o Mundo antes de nos levantarmos da cama”. Depois, já seria bom se encarássemos o quotidiano com a ambição de combater a sina de “cadáveres adiados”.
O pequeno burguês, disto, nada sabe. Mas quer liderar. Mais do que liderar, quer guiar. Talvez por isso o seu rosto deambule pela Madeira, atrelado a um autocarro destinado a aprendizes de "pesados". Até aqui o pequeno burguês cometeu o pecado da megalomania. Não sabe guiar, e já quer assumir um “pesado”. Pequeno burguês, um recado de quem não te conhece, nem é teu amigo: vai devagar, rapaz. Começa pelos ligeiros. Se tiveres mãos, quem sabe... Olha, há dias fui ao kartódromo do Faial. É coisa fácil de se lidar. E que tal se começasses por um kart? Nem precisas de carta.
VS

5 comentários:

  1. Vitor, reservo os meus comentários à tua primeira afirmação para o nosso duelo video-debate sobre juventudes partidárias que vamos realizar brevemente!! Mas adianto-me e digo que populismos e generalizações preconceituosos devias deixar a outros quadrantes sociais.

    Agora, em relação à tua abordagem ao CONDUZIDO que quer conduzir, tenho que dizer que mais cedo ou mais tarde todas as facturas são cobradas. Por mais voltas que se dê ao kartódromo, a liberdade nunca pode estar à venda.

    RB

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  2. Rubina, terei a oportunidade de espraiar a minha opinião sobre as "juventudes partidárias". Como sabes, assumo-me como indefectível opositor de toda a cáfila acéfala que rodeia o Jardim. Na JSD, os acríticos proliferam. Este pequeno burguês ou o outro candidato não me dizem nada. Zero. Só não consigo conter a bílis quando um puto de ego bojudo se arvora em rosto de uma trupe que se auto-coroa como "Geração Madeira". Mas que merda é esta? Eu só preciso de 2 minutos para expor o túnel de vento que reside naquelas cabeças.
    VS

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  3. Monstros que sofreram lobotomias pré-frontais infelizmente existem em todo o lado. Novamente repito: não generalizes.

    Conheço bons casos de indivíduos por todo o espectro político que têm ideias construtivas e ideais pro-activos e participam em juventudes partidárias, sem fantasiar com estratagemas de saltar para o rodeo político.

    Agora, preocupa-me quem só critica do sofá confortável. Sempre acreditei e continuo com a fé de que só mudamos o sistema por dentro. Volto a te lançar o repto - cria um partido nem que seja o partido das morenas hehe

    RB

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  4. Rubina, creio, sem sobranceria, que tenho legitimidade para erguer a cidadania como divisa. Em 2005, através de um blogue esconso, impulsionei uma candidatura presidencial. Nunca necessitei de "formação política" para pensar. Repudio, com toda a veemência, as juventudes partidárias. O princípio que as subjaz é danoso para as democracias. Como podes justificar a adesão de um jovem de 14 anos a uma juventude partidária? Ideologia? Posso, desde já, garantir que nunca - repito: nunca! - hei-de aderir a qualquer partido, o que não faz de mim uma encarnação do "zé povinho" que troveja brejeirices sem apresentar alternativas. Não obstante alguns apelos para trilhar os caminhos partidários, mantive-me fiel a um princípio que não é melhor, certamente, do que o teu: partidos, não. Respeito a tua opção, porque reconheço em ti lucidez ideológica. Infelizmente, não representas a maioria. E é essa maioria canídea que me enoja. Sem eufemismos.
    Eu não aceito porta-vozes, quando não lhes deleguei qualquer poder representativo. Represento-me. Para o bem e para o mal. Perguntar-me-ás: revolução? Não. Sou um anárquico resignado. "Todos os revolucionários são estúpidos", declarava Pessoa. Rubina, sento-me no meu sofá, ouço o pulsar de um relógio ancestral e sou incapaz de alterar o curso do meu tempo. Já gastei todas as ilusões. Mudar o mundo? Contento-me em pensar sobre ele, enquanto fumo um cigarro. Aqui está: nem o vício do tabaco tenho audácia para combater.
    P.s.: O partido das morenas é uma grande ideia. Raios, estou a ser incoerente. ahaha

    VS

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  5. Grande Vítor

    Concordo contigo em algumas coisas que escreveste. Admiro a tua escrita, já te disse pessoalmente, muito embora considere que a formação politica possa ser importante no desenvolvimento intelectual de um indivíduo. Mas não pode ser uma formação à semelhança de um clube de futebol, como as actuais Juventudes Partidárias. As elites partidárias com manifesta intenção de se perpetuar no poder promovem alguns jovens para subir aos “Seniores” e com este gesto garantem gratidão e submissão. Esta formação tem de acabar. Agora em relação ao jovens que têm um papel activo na sociedade a lutar por causas tais como, ambientais, educacionais ou de fim de regime, digo-lhes continuem porque merecem ser futuras elites.
    Dou-te razão quando falas do seguidismo, porque vi muitos jovens com percursos brilhantes no interior de uma juventude partidária que a única coisa que fizeram foi levantar e baixar bandeiras. Como não apanharam nenhuma Artrite Reumatóide, ganharam um cargo com visibilidade.
    Um abraço
    Luís Filipe Santos

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