sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pensar Local, Agir Local


Diversas campanhas pela conservação do ambiente têm por lema “Pensar Global, Agir Local”. Pretende-se incentivar desta forma a concretização de metas globais através da intervenção local na nossa esfera comunitária.

Nestes dias que correm sentimos o apressar da chegada do Natal, e com isso a necessária introspecção e reflexão que esta época traz, bem como a tradicional troca de presentes entre amigos e familiares.

No Natal globalizado fazem-se listas de prendas rebuscadas e sucumbimos às tentações que os gurus de marketing criam, fabricando folclores de plástico e necessidades supérfluas. Acordamos com uma fome profunda para possuir o modelo ‘x’ de telemóvel, de brinquedo electrónico ou de roupa, ou que sem o utensílio ‘y’ a nossa vida não funciona, e pelo caminho esquecemo-nos da essência do gesto da prenda de Natal – a valorização do elo do amor entre as pessoas e o divino. Na verdade, a ênfase está no gesto e não tanto no objecto em si, porque por mais grandioso que esse objecto possa ser nunca conseguirá reproduzir esse amor.

Ignorando por breves instantes toda a maquinaria da globalização, e olhando para a nossa economia nacional, sugiro que este ano se altere o lema para “Pensar Local, Agir Local”. A oportunidade da prenda de Natal deveria contribuir directamente para ajudar os agentes económicos na nossa comunidade circundante.

Porque ao preferir produtos regionais e a utilizar o comércio tradicional estamos a fazer a maior prenda possível à nossa comunidade e à economia enquanto consumidores. É através destes pequenos gestos que é possível fomentar a manutenção dos postos de trabalho dos nossos próximos, valorizando desta forma o espírito comunitário das nossas raízes.

Em suma, este ano desejo que haja menos Pai Natal e mais Menino Jesus.

RB

sábado, 19 de novembro de 2011

Tertúlia com Raquel Coelho (PTP) 18/11



Animada tertúlia com a recém-eleita deputada e lider parlamentar do PTP na ALM, no início da sua vida política regional. Falamos sobre diferentes perspectivas sobre os jovens na política, o papel de ideologias neste mundo em constante mutação, e no que um indivíduo pode fazer proactivamente para deixar o seu cunho na sociedade. 18/11/2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O mito de Perséfone


Persephone the Wanderer, by Louise Glück
(Averno, 2006)


«In the first version, Persephone
is taken from her mother
and the goddess of the earth
punishes the earth—this is
consistent with what we known of human behavior,

that human beings take profound satisfaction
in doing harm, particularly
unconscious harm:

we may call this
negative creation.

Persephone’s initial
sojourn in hell continues to be
pawed over by scholars who dispute
the sensations of the virgin:

did she cooperate in her rape,
or was she drugged, violated against her will,
as happens so often now to modern girls.

As is well known, the return of the beloved
does not correct
the loss of the beloved: Persephone

returns home
stained with red juice like
a character in Hawthorne—

I am not certain I will
keep this word: is earth
”home” to Persephone? Is she at home, conceivable,
in the bed of the god? Is she
at home nowhere? Is she
a born wanderer, in other words
an existential
replica of her own mother, less
hamstrung by ideas of causality?

You are allowed to like
no one, you know. The characters
are not people.
They are aspects of a dilemma or conflict.

Three parts: just as the soul is divided,
ego, superego, id. Likewise

the three levels of the known world,
a kind of diagram that separates
heaven from earth from hell.

You must ask yourself:
where is it snowing?

White of forgetfulness,
of desecration—

It is snowing on earth; the cold wind says

Persephone is having sex in hell.
Unlike the rest of us, she doesn’t know
what winter is, only that
she is what causes it.

She is lying in the bed of Hades.
What is in her mind?
Is she afraid? Has something
blotted out the idea
of mind?

She does know the earth
is run by mothers, this much
is certain. She also knows
she is not what is called
a girl any longer. Regarding
incarceration, she believes

she has been a prisoner since she has been a daughter.

The terrible reunions in store for her
will take up the rest of her life.
When the passion for expiation
is chronic, fierce, you do not choose
the way you live. You do not live;
you are not allowed to die.

You drift between earth and death
which seem, finally,
strangely alike. Scholars tell us

that there is no point in knowing what you want
when the forces contending over you
could kill you.

White of forgetfulness,
white of safety—

They say
there is a rift in the human soul
which was not constructed to belong
entirely to life. Earth

Asks us to deny this rift, a threat
disguised as suggestion—
As we have seen
in the tale of Persephone
which should be read

As an argument between the mother and the lover—
the daughter is just meat.

When death confronts her, she has never seen
the meadow without the daisies.
Suddenly she is no longer
singing her maidenly songs.
about her mother’s
beauty and fecundity. Where
the rift is, the break is.

Song of the earth,
song of the mystic vision of eternal life—

My soul
shattered with the strain
of trying to belong to earth—

What will you do,
when it is your turn in the field with the god?»

terça-feira, 12 de julho de 2011

90t/s








... Did you know that you can hear my heartbeat in the flutter of the hummingbird's wings? ...










Ernst Häckel, Kunstformen der Natur, 1899

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tertuliando com José Manuel Rodrigues - Ideologias...

Com o nosso convidado José Manuel Rodrigues (presidente do CDS/PP da Madeira) abordamos o papel das ideologias na presente campanha eleitoral, a evolução ideológica de certos partidos, face à estagnação de outros, sem deixar uma incursão pela actual crise política e económica em Portugal. Que políticos queremos: lideres carismáticos de soundbites ou tecnocratas de perfil académico/profissional?
Muitas perguntas e um excelente debate, mesmo se as dúvidas continuam por resolver!


Tertúlia com Convidado: José Manuel Rodrigues (CDS/PP) - Parte I from Caixa de Pandora on Vimeo.



Tertúlia com Convidado: José Manuel Rodrigues (CDS/PP) - Parte II from Caixa de Pandora on Vimeo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Entrevista com Morais Sarmento: Os partidos e os cidadãos.


Excelente Entrevista com Morais Sarmento o acelarado processo de caducidade das Instituições, e de como os partidos, não se sabendo abrir e renovar aos novos paradigmas, acabam por cortar a "ligação à terra".

terça-feira, 29 de março de 2011

A menina e as árvores

Desliza descalça, a menina princesa na noite escura. Elege o tacto como sentido norteador predilecto, navegando os corredores, as escadarias e o mármore morto. Mal os seus pés tocam a frescura do chão, a sua alma desce para ficar mais perto da frequência da força telúrica, sabendo que as plantas dos seus pés são receptores da amenidade do silêncio da casa que dorme.
A menina sente este colosso no seu sono nocturno, inspirando e exalando uma amálgama de tijolos, cadeiras, almofadas, colheres, pessoas - todos juntos a dormir em uníssono enquanto a menina deriva pelos seus cantos e pelas suaves curvas da casa. Ela sabe que é a única menina acordada nesse preciso momento enquanto o universo sonha diferentes paralelos. Espectadora do mundo, facto que a afaga, actuando como Chopin para a sua alma.
Afasta dois dedos da cortina e sente o vento que num eterno vai-vem acaricia as árvores e o sopé da janela. E numa dessas brisas, as árvores sussurraram-lhe um segredo: tal como a alma da menina residia na planta dos seus pés, também o ser das árvores está depositado nas raízes das árvores.
De facto a menina já tinha constatado que algo de estranho se passava com as árvores da sua terra, mas só no mundo da noite percebeu o motivo.
A terra cuspia-as recusando envolver as suas raízes no seu aconchego do solo. Caiam desalmadas, abandonadas, rejeitadas no seu ser. Outras como as palmeiras, eram decapitadas porque albergavam no seu seio um bichinho que as tornava ocas. Perdiam raízes e perdiam os seus sonhos. O elo entre os seres estava em ruptura: ninguém queria continuar a acolher o outro.
Reconfortada por não ser árvore neste mundo, a menina plantou os pés no frio da casa escura, feliz por sentir, feliz por saber que ela estava a salvo destes fenómenos pois todas as noites treinava o seu tacto e cultivava a sua alma nos pés. Suspirou, fechou os olhos e uniu-se à casa entorpecida, à miscelânea de almas. Ao menos por algumas horas, pensou a menina.

RB